Líderes da tecnologia refletem sobre a Web e as boas e más mudanças que ela trouxe.
Antes da World Wide Web (famoso www, que inicia endereços de sites na internet), lembra-se de como teria encontrado certas informações? Como partilhava fotos das suas férias enquando estava na estrada? A Web mudou a forma de trabalhar, partilhar as nossas vidas com a família e amigos e até mesmo jogar. A inovação trouxe um nível surpreendente de mudança num curto espaço de tempo.
No dia 12 de março de 1989, Tim Berners-Lee, um cientista da computação britânico, introduziu a ideia da World Wide Web numa proposta de um sistema de informação, que este ano completa 25 anos de existência.
Confira o que alguns líderes na tecnologia têm a dizer sobre como a web mudou o mundo em que vivemos:
Tim Berners- Lee, inventor da World Wide Web
No 25º aniversário da Web, Berners-Lee pediu aos povos de todo o mundo para ajudarem a definir o futuro de seu empreendimento.
"Temos muito a fazer para a Web alcançar o seu pleno potencial", disse em um comunicado divulgado recentemente. "Temos de continuar a defender os seus princípios fundamentais e a enfrentar alguns desafios importantes".
Três desses desafios, observou, é ligar os dois terços do planeta que ainda não acedem à Web, decidir quem tem o direito de recolher e usar os dados pessoais e criar uma arquitetura aberta de alto desempenho que possa ser executada em qualquer dispositivo.
"Juntos, temos construído uma incrível Web, mas ainda temos muito a fazer para ter a certeza de que é para todos", disse Berners-Lee.
Vinton Cerf, evangelista da Google
Vint Cerf, conhecido como um dos pais da Internet, disse que a Web e os nossos dispositivos digitais se tornaram parte integrante das nossas vidas, mudando a maneira como descobrimos as coisas, como nos comunicamos e até mesmo a forma como pensamos sobre as comunicações.
O cientista da computação norte-americano, que já trabalhou na IBM, DARPA e agora está na Google como vice-presidente e evangelista-chefe da Internet, diz que o melhor da Web ainda está por vir.
"O futuro da Web é limitado apenas pela nossa imaginação", escreveu Cerf num e-mail para o Computerworld. "Cerca de 99% do que vamos fazer na Web ainda não foi inventado".
Radia Perlman, "fellow" da Intel
"Se está no meio da floresta e quer saber a origem de uma palavra estranha ou quem começou a Primeira Guerra Mundial, pode simplesmente pesquisar", diz Radia Perlman, da Intel. "Isto é algo surpreendente".
Perlman, que detém mais de 100 patentes, é amplamente conhecida como designer de software e engenheira de rede que inventou o protocolo "spanning-tree", o coração da Ethernet.
"Estou constantemente maravilhada com coisas que parecem não poder funcionar, mas são feitas", disse ela. "A pesquisa na Internet é uma delas. Se há 15 anos alguém me dissesse: 'tenho uma ideia para uma empresa que vai navegar pela Internet, ajudar as pessoas a procurarem coisas e vou torná-la gratuita', eu teria dito: 'que ideia estúpida'".
Howard Schmidt, ex-coordenador de cibersegurança da Casa Branca
Howard Schmidt vê os aspectos positivos sobre o crescimento da Web, bem como o seu lado escuro.
Hoje é CEO da R&H Security Consulting, mas passou 31 anos a trabalhar na Casa Branca. Como ex-conselheiro de segurança, tornou-se assessor especial para a segurança do ciberespaço apenas três meses após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001.
"Como se mede a importância de algo que substituiu cartões de crédito?″, questionou, acrescentando que as maiores mudanças estão por acontecer, especialmente nas buscas. "No futuro, não será preciso procurar por algo. Seus dados já vão estar guardados e se quiser alguma coisa, ela já vai estar lá".
Jeffrey Jaffe, CEO do World Wide Web Consortium
Jeff Jaffe é diretor executivo do World Wide Web Consortium, a principal organização de normas internacionais da Web.
O cientista de computação formado no MIT, que trabalha com o diretor do W3C e inventor da Web, Berners-Lee, considera que a Web ultrapassou em muito qualquer coisa que poderia ter imaginado. "Há poucas inovações que mudaram tudo sobre o comportamento das pessoas", disse Jaffe. "Mas também acho que é apenas o início".
Em um futuro que vai continuar lutando com os benefícios e as preocupações de uma Web que sabe muito sobre as pessoas, Jaffe também disse que a Web continuará a alterar indústrias como a de edição. A indústria editorial será a Web e os livros serão interativos, com hiperligações para dicionários online e referências.
Curtis Brown, diretor de tecnologia da AOL
Quando muitas pessoas começaram a usar a Web, foi com a AOL.com. O pioneiro online já existia quando se começou a mexer na Web. Curtis Brown, diretor de tecnologia da AOL, afirma que a Web foi um avanço fundamental que animou a empresa.
"Nos primeiros dias, a AOL ajudou as pessoas a ficar online, o que foi um desafio dada a infância da tecnologia", disse. "As limitações de largura de banda também não permitiam experiências ricas com conteúdos ou aplicações.
Avançando rapidamente para hoje, navegar e alavancar o poder da Web é o que é valioso para as pessoas e para os anunciantes. A evolução da Web tem permitido à AOL construir plataformas que nos transformaram numa empresa de mídia digital bem sucedida".
Dona Crawford, diretora-adjunta para computação no Lawrence Livermore National Laboratory
A Web tem desempenhado um papel fundamental na pesquisa de mudanças climáticas, de acordo com Dona Crawford, diretora associada para computação no Lawrence Livermore National Laboratory.
"É claro que é muito melhor para colaborar", disse ela. "Estávamos todos em aviões o tempo todo tentando trabalhar juntos. Em seguida, surgiu a Web. Agora, temos os maiores especialistas em química e física numa equipe".
O Lawrence Livermore Lab tem um programa que reúne todos os modelos climáticos do mundo e também os torna disponíveis a nível mundial. "De que outra forma podemos entender o que está a acontecendo com o clima, se não podemos olhar para ele de uma forma global? Não poderíamos fazer isso sem a Internet", diz Crawford.