O mercado chinês de smartphones mede forças no mercado europeu, como as marcas americanas e coreanas, os fabricantes chineses colocaram duas marcas no top 5 de vendas em 2018, sendo a Xiaomi a quarta marca (segunda chinesa) que mais samartphones vendeu no decorrer de 2018. A Xiaomi quer ir mais longe e conquistar o coração dos europeus, oferecendo um produtos de qualidade a baixo preço. A Computerworld Portugal conversou com Wen Ou, o responsável da marca para o ocidente europeu, fomos saber como a Xiaomi olha para o futuro, e em particular para o mercado o português.
João Migeul Mesquita (JMM) - Como trata a Xiaomi o mercado português comercialmente?
Wen Ou (WO) - Tal como fizemos em alguns mercados europeus, como na Irlanda, Áustria, Benelux e Grécia, estamos, por agora, a marcar a nossa presença em Portugal através de parceiros locais. Estamos a tentar trazer o pacote completo do nosso modelo de negócios para a Europa, incluindo Portugal, nesse pacote está hardware, serviços de Internet e retalho. Enquanto isso, estamos a oferecer uma ampla gama de produtos em pontos de venda, com preços honestos para este mercado, como forma de agradecer aos fãs e consumidores portugueses pelo seu apoio de longa data. Estamos também a explorar o mercado de forma a encontrar colaborações estreitas com parceiros para o on-line, off-line e operadores.
JMM - O foco comercial em Portugal será então através da distribuição e do retalho? Ou equacionam como em Espanha ter uma loja própria de vendas diretas?
WO - Portugal é, obviamente, um mercado chave para nós. Para a Xiaomi, por agora, em Portugal, estamos em colaboração com grandes distribuidores, que são quem melhor conhece o mercado português para maximizar o alcance de nossos produtos junto dos consumidores. Quanto às lojas off-line da Xiaomi, como fizemos em Espanha ao abrir as Lojas Mi Autorizadas, estamos planear fazê-lo também em Portugal em parceria como os nossos distribuidores.
JMM - Espanha ainda o mercado que mais vende Xiaomi? Qual país europeu pode igualar ou superar Espanha em vendas?
WO- Espanha é um mercado prioritario para a Xiaomi, mas, para ser honesto, toda a Europa foi colocada com uma alta prioridade para nós. O nosso objetivo é fazer melhor, estou confiante de que faremos melhor na Europa e nos tornarmos ainda mais fortes em termos de ranking. Como existe essa busca universal, em que todos nós queremos possuir produtos altamente inovadores com preços acessíveis e honestos. Como podemos ver em muitas estatísticas, por exemplo, de acordo com a Canalys, somos a marca número 3 em 2018 na Espanha em termos shipmnet, registando um crescimento ano-a-ano de 273,4%. Se tivermos em conta que entramos no mercado espanhol em novembro de 2017, este é um bom resultado.
JMM- Como veem a introdução de sistemas de Inteligência Artificial (AI) em smartphones?
WO - Nos próximos cinco anos, a Xiaomi vai concentrar-se numa estratégia dual core de smartphones e AIoT (AI + IoT), com o objetivo de levar uma vida mais inteligente e oferecendo mais ferramentas aos utilizadores, proporcionando-lhes uma vida melhor graças as tecnologias. A este respeito, anunciamos que nos próximos cinco anos, investiremos 10 biliões de RMB para sustentar o crescimento dos nossos negócios de AIoT; e nosso objetivo é abrir um programa de AIoT. Por exemplo, no nosso mais recente smartphone da série Mi MIX já incorporamos um botão AI para oferecer mais comodidade aos nossos utilizadores, e acreditamos que essa tendência de smartphone AI + será continuamente aperfeiçoada e aprimorada. Na Xiaomi, estamos empenhados em investir muito forte em I&D AI, como fizemos com o nosso assistente de voz AI Xiao, que foi muito bem aceite, tendo sido activado cumulativamente em cerca de 100 milhões de dispositivos, com utilizadores activos mensais superiores a 34 milhões.
JMM - Como um smartphone pode defender o abuso de uso de dados das pessoas?
WO - Antes de colocar cada um dos nosso modelos no mercado global, temos que garantir que esses produtos cumprem as leis, e regulamentações locais, por exemplo, na UE, temos o RGPD. Nós olhamos para a segurança, privacidade e proteção de dados com a maior importância, todas as pessoas têm o direito de se sentir seguros quando usam os seus smartphones. Essa segurança também faz parte do nosso compromisso quando dizemos que oferecmos a melhor experiência ao utilizador.
JMM - Quanto esperam vender na Europa em 2019?
WO - Como já disse, a Europa Ocidental é a prioridade das prioridades para a expansão global da Xiaomi sendo que o nosso objetivo é tornarmo-nos na marca de smartphone mais conhecida, com uma base de utilizadores maior. É por isso que estamos a tentar trazer o pacote completo do nosso modelo de negócios, introduzindo a nossa plataforma de comércio eletrônico mi.com e abrindo mais lojas off-line, bem como os serviços de internet. Diante da crescente procura pelos nossos produtos de hardware, estamos cientes de que temos de acelerar o processo de trazê-los para a Europa, incluindo Portugal, aumentar a nossa presença em todos os canais de retalho, e fortalecer a nossa colaboração com os principais parceiros e operadores do mercado.
JMM - Há muita especulações sobre o uso de dados pessoais pelo governo chinês. Com as suspeitas que tem sido lançadas a Huawei. Como lutar contra o estigma de ser uma empresa chinesa?
WO - Sou porta-voz do mercado ibérico, portanto esta questão sobre o nosso negócio na China não se enquadra no meu âmbito de trabalho.
Mas posso garantir aos utlizaodres estrangeiros dos produtos Xiaomi, os seus dados são armazenados em servidores fora da China, trabalhamos em colaboração com a Amazon e a Microsoft no respeita aos serviços de armazenamento de dados.
JMM - Há cinco anos o produto chinês na Europa estava rotulado por ser "fake". A Xiaomi acha que contribuiu de alguma forma para reverter esse pensamento?
WO - Acho que algumas marcas chinesas que exploraram o mercado europeu mais cedo do que nós fizeram um ótimo trabalho ao reverter os estereótipos das pessoas sobre os produtos "fabricados na China", e devemos agradecer a essas marcas. Mas como pode ver, hoje em dia, "made in China" não equivale a má qualidade ou "copycats", tornou-se gradualmente uma garantia de qualidade de várias maneiras. É claro que a Xiaomi gostaria muito de oferecer a sua contribuição para mudar essas visões negativas, e é por isso que nosso objetivo é implacavelmente construir produtos incríveis a preços honestos e trazer inovação para todos. "Preços baixos não conquistam, por si só, os corações dos utilizadores, nem fazem com que estes se fidelizem. Temos de oferecer qualidade, inovação, e características de produto avançadas a baixo preço, esta é a estratégia correta, e é nisso que a Xiaomi é boa"