Uma forma de estimar o retorno social e ambiental com base em evidências.
À medida que as preocupações com escassez e desigualdade tornam-se cada vez mais urgentes, muitos investidores desejam ansiosamente gerar negócios e retorno social - para "sair-se bem fazendo o bem". Um caminho é investir no impacto: direcionar o capital para empreendimentos de risco que gerem benefícios sociais e ambientais - e lucros. Mas existe um problema: embora o mundo empresarial disponha de várias ferramentas adotadas universalmente, como a taxa de retorno interna, para estimar o resultado financeiro de um potencial investimento não existe um análogo para avaliar, em termos de caixa, as vantagens sociais e ambientais esperadas. Prever os ganhos é, muitas vezes, questão de especulação.
Similarmente, os investidores que esperam utilizar dados históricos sobre o impacto social e ambiental de uma empresa para avaliar oportunidades futuras encontrarão poucos dados úteis para avaliar. Atualmente, os relatórios de questões ambientais, sociais e de governança são comuns em 75% das grandes e médias empresas do mundo, mas geralmente se restringem a informações sobre compromissos e processos e raramente revelam um impacto real.
Nos dois últimos anos, as organizações para as quais trabalhamos - a Rise Fund, empresa de fundo de investimentos em impacto avaliada em US$ 2 bilhões e administrada pela TPG Growth, e a Bridgespan Group, empresa de consultoria em impacto social global - tentaram introduzir o rigor da medida do desempenho financeiro na avaliação do impacto social e ambiental. Por meio de tentativa e erro, e em colaboração com especialistas que trabalharam durante anos na área, a parceria entre a Rise e a Bridgespan gerou uma metodologia para estimar - antes que qualquer quantia seja comprometida - o valor financeiro do bem social e ambiental que provavelmente resultará de cada dólar investido. Assim, investidores em impacto social, sejam corporações ou instituições, podem calcular o retorno projetado de uma oportunidade de investimento. Chamamos essa nova métrica de Impact Multiple of Money (IMM, na sigla em inglês).
Não é fácil calcular o IMM, por isso qualquer empresa que desejar aplicá-lo precisa determinar primeiro que produtos, serviços ou projetos justificam o esforço. Como investidora em empresas de participação privada, a Rise faz uma avaliação qualitativa de potenciais investimentos para filtrar os negócios que não são financeiramente promissores. Empresas com finalidade social e um impacto potencialmente mensurável recebem luz verde para avaliação do IMM. A Rise só investe numa empresa se o cálculo do IMM sugerir um retorno social mínimo sobre o investimento de US$ 2,50 para cada US$ 1 investido. As empresas que adotam essa métrica podem fixar seus próprios valores mínimos.
É bom que fique claro que esse processo envolve várias hipóteses e escolhas, logo não podemos garantir que nosso método possa fornecer um número definitivo. Mas acreditamos que a abordagem provê uma orientação valiosa
sobre quais investimentos terão ou não terão impacto social significativo.
Explicaremos como calcular o IMM durante um processo de seleção de investimentos. O método consiste em seis passos.
1| Avalie a relevância e a escala
Os investidores devem começar considerando a relevância e a escala de um produto, serviço ou projeto para avaliação. O fabricante de eletrodomésticos poderá querer investir em aspectos que economizam energia em suas linhas de produtos. O provedor de assistência médica talvez pretenda avaliar os potenciais benefícios sociais de expansão em bairros com moradores de baixa renda.
Em relação à escala, pergunte: quantas pessoas o produto ou serviço atingirá e qual será o tamanho do impacto? A experiência da Rise em calcular o alcance do produto da empresa de tecnologia educacional EverFi, um de seus primeiros investimentos de impacto, ilustra bem a questão. (Os dados financeiros e de participação neste artigo são apenas representativos. Os valores reais são confidenciais.) A Rise identificou três programas da EverFi que já tinham alcance significativo: o AlcoholEdu, curso online projetado para reduzir o consumo de álcool entre universitários ministrado em mais de 400 universidades; o Haven, sobre violência e assédio sexual em relacionamentos e ministrado para alunos de cerca de 650 universidades; e um programa de educação financeira - cartões de crédito, taxas de juros, seguros - para alunos do ensino médio de mais de 6.100 escolas. Com base nas projeções de inscrições anuais de alunos nesses programas, a Rise estima que um investimento na EverFi poderá afetar 6,1 milhões de alunos no período de cinco anos a partir de 2017.
Obviamente, o impacto de um programa não se mede somente pelo número de pessoas afetadas, mas também pelo aprimoramento obtido. Poucas pessoas profundamente afetadas podem representar mais valor que muitas pessoas superficialmente afetadas. Observe outro investimento da Rise, o Dodla Dairy, que diariamente arrecada e processa leite fresco de mais de 250 mil pequenos produtores em propriedades rurais no sul da Índia. O número de produtores afetados era conhecido, então o que a Rise precisava avaliar era a quantidade de leite que a Dodla poderia comprar e a que preço. Com uma venda projetada de 1,3 bilhão de litros de leite durante cinco anos, a Rise estimou que os investimentos na Dodla deveriam aumentar a receita anual das famílias de produtores rurais em 73%, de US$ 425 para US$ 735. Pequenos produtores com garantia de compra de sua produção de leite gastam menos tempo e dinheiro comercializando e contam com a previsibilidade e apoio necessários para fazer investimentos de longo prazo e aumentar a produção de leite e, consequentemente, sua receita.
2| Identifique o alvo social ou os resultados ambientais
O segundo passo para calcular o IMM é identificar os resultados sociais ou ambientais desejados e determinar se as pesquisas existentes confirmam se eles são atingíveis e mensuráveis. Felizmente, os investidores podem obter uma enorme variedade de relatos das ciências sociais para estimar o potencial impacto de uma empresa. Ao longo da última década, fundações, organizações não governamentais e alguns legisladores (incluindo o Fundo de Investimento em Inovação do Departamento de Educação dos Estados Unidos) basearam-se fortemente em resultados de pesquisa para orientar os financiamentos de programas sociais. Esse movimento "o que funciona" estimulou o desempenho de uma indústria em torno de medidas de resultados sociais, liderado por organizações como a MDRC, uma organização de políticas sociais sem fins lucrativos, o Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL), no MIT, e a Mathematica Policy Research, com sede em Princeton, Nova Jersey.
O impacto de um programa não é somente uma questão do número de pessoas afetadas; trata-se também do aprimoramento obtido. Poucas pessoas profundamente afetadas podem representar mais valor que muitas pessoas superficialmente afetadas.
Para o AlcoholEdu nós aproveitamos um teste controlado aleatório de 2010 segundo o qual alunos que haviam participado do programa obtiveram redução de 11% em "incidentes relacionados ao álcool", como envolver-se em comportamentos de risco, fazer ou dizer coisas embaraçosas ou sentir-se mal consigo mesmo por causa da bebida. Isso representaria 239.350 menos incidentes. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), mortes relacionadas ao uso de álcool representam aproximadamente 0,015% das mortes entre alunos universitários. A Rise estimou que o AlcoholEdu teria salvado 36 vidas entre os 2,2 milhões dos alunos previstos para participar do programa no período de cinco anos. (Vidas salvas - o impacto mais importante da redução do consumo de bebida - são relativamente fáceis de monetizar diretamente. Mas a redução do abuso de álcool tem claramente outros benefícios para as pessoas e para a sociedade.)
Para o Haven focamos na prevenção do abuso sexual. Todos os anos 10,3% das mulheres e 2,5% dos homens universitários sofrem abuso sexual. De acordo com um estudo de 2007 apresentado numa faculdade no nordeste dos Estados Unidos sobre os efeitos de um curso presencial sobre prevenção de abuso sexual, o abuso diminuiu em 19% entre as mulheres e em 36% entre os homens que participaram do curso.
3| Estime o valor econômico desses resultados para a sociedade
Depois de identificados os resultados pretendidos, os investidores em impacto social precisam encontrar um "estudo - âncora" que traduza solidamente esses resultados em termos econômicos. Um bom exemplo é a Cellulant, provedora regional africana de uma plataforma para pagamentos móveis utilizados por bancos, grandes varejistas, empresas de telecomunicações e governos. A Cellulant trabalhou com o Ministério da Agricultura da Nigéria para reprojetar um programa afogado em corrupção que fornecia subsídios para sementes e fertilizantes. A empresa desenvolveu um aplicativo para celular que permitia que os agricultores retirassem as mercadorias subsidiadas diretamente de comerciantes locais, reduzindo a oportunidade de corrupção. O programa vinha perdendo 89% de seus recursos por causa de má gestão e corrupção. O aplicativo da Cellulant permite atualmente a entrega de 90% dos auxílios pretendidos.
Nossa tarefa foi entender o impacto econômico sobre os agricultores quando eles recebiam as sementes e fertilizantes subsidiados. Utilizamos um estudo confiável que comparava os resultados sazonais de agricultores inscritos no programa de subsídios com agricultores similares não inscritos. O estudo mostrou que os agricultores participantes obtiveram ganhos adicionais de US$ 99 naquela estação por melhorar suas colheitas de milho.
Para escolher o estudo-âncora analisamos vários aspectos importantes. Primeiro, seu rigor: o estudo avalia, sistematicamente, resultados de pesquisas anteriores para tirar conclusões sobre essa literatura? Apresenta descobertas obtidas em testes controlados aleatórios - que compara grupos com e sem uma intervenção indicada? Os dois tipos de pesquisa são mais desejáveis em estudos observacionais ou de caso. Tão importante quanto o rigor é a relevância: o estudo inclui pessoas que vivem em contextos similares (urbano ou rural, por exemplo) e na mesma categoria de renda? Quanto mais próxima a equivalência, melhor. Pesquisas recentes têm preferência sobre as antigas, e os estudos mais citados na literatura de pesquisa merecem especial consideração.
Quando a dúvida ou a falta de pesquisas confiáveis impedirem seu trabalho, procure orientação de um especialista na área. Nós procuramos aconselhamento, por exemplo, no Centro de Inovação de Serviços Financeiros, em Chicago, quando não conseguíamos localizar estudos adequados que demonstravam o impacto de ajudar pessoas a formar um hábito regular de economias - a missão da Acorns, empresa fintech para pessoas de baixa e média renda. Essa decisão nos levou a uma pesquisa que mostrava que mesmo economias modestas entre grupos-alvo podem reduzir a utilização de adiantamento de salário de alto custo.
QUESTÕES MORAIS
Às vezes, as vantagens e os custos da monetização social ou ambiental suscitam questão complexas. Por exemplo:
- Um dólar a mais na renda produz mais impacto para uma pessoa num mercado emergente que para uma pessoa num mercado desenvolvido?
- Quanto maior renda é o resultado-alvo, devemos contabilizar esse impacto, independentemente de quanto a família ganhava antes, ou somento quanto ela ganhava abaixo de certo limite?
- Quando salvar vidas é o resultado desejado podemos atribuir um valor monetárioa cada pessoa que se beneficia?
- De acordo com economistas que analisam a área da saúde, as estimativas do valor de uma vida estatística variam significativamente de um país a outro - mas as vidas humanas deveriam ter valor diferente simplesmente por casualidade ou geografia?
Para responder a estas perguntas, a Rise, fundo de investimento em impacto, usa pesquisa para fundamentar decisões baseadas em evidência e fornece uma base analíticapar as tomadas de decisão. Para alguns IMMs a Risa criou, por exemplo, o valor global médio ponderado de uma vida salva, em vez de usar uma métrica específica de um determinado país, e assim evitar as consequências involuntárias de acumular investimentos em países desenvolvidos. Em outros cálculos de IMM a Rise analisou como as pessoas pobres gastam seus poucos dólares incrementais em comparação com pessoas numa faixa de renda mais alta. Essas questões difíceis merecem a atenção constante das comunidades de investimento e pesquisa.
Para traduzir os resultados do AlcoholEdu em termos monetários, procuramos orientação do Departamento de Transportes do Estados Unidos, que utiliza uma medida chamada valor de uma vida estatística para avaliar a redução de óbitos ou ferimentos. De acordo com esse estudo-âncora, uma morte vale US$ 5,4 milhões. Assim o AlcoholEdu poderia esperar gerar um valor social de pelo menos US$ 194 milhões salvando 36 vidas.
No caso do Haven, descobrimos que os pesquisadores do NIH tiveram um pouco de trabalho no impacto econômico do abuso sexual. Na verdade, o NIH fixou em US$ 16.657 o custo econômico, judicial e de saúde de um caso de abuso. O valor foi corrigido pela inflação. A Rise multiplicou o valor do NIH pelo número de casos de abuso sexual que o Haven evitaria (37.898) para obter um valor próximo de US$ 632 milhões. Como os casos de abuso não são todos denunciados, a Rise acredita que o impacto do Haven pode ser ainda maior.
Para o programa de educação financeira da EverFi, baseamo-nos num estudo de 2016 que analisava um programa similar para alunos do ensino médio. O estudo mostrou que os participantes do programa tinham, em média, US$ 538 menos de endividamento aos 22 anos em comparação com um grupo similar de alunos não participantes do programa. Os juros pagos sobre o débito adicional chegou a ser de US$ 81, em média, em cinco anos. Supondo que 1,3 milhão de alunos completaram o programa EverFi em cinco anos e que todos economizaram US$ 81, o valor econômico do programa totalizaria US$ 105 milhões.
Estimamos que o impacto social dos três programas da EverFi, juntos, teve em cinco anos um valor econômico de US$ 931 milhões: US$ 194 milhões do AlcoholEdu, US$ 632 milhões do Haven e US$ 105 milhões da educação financeira.
4| Faça ajustes do risco
Embora tenhamos provado para nossa satisfação que a pesquisa em ciências sociais pode ser utilizada para monetizar benefícios sociais e ambientais, reconhecemos o risco de aplicar resultados de pesquisas que não estejam diretamente associadas a uma dada oportunidade de investimento. Por isso ajustamos os valores sociais resultantes da aplicação do estudo-âncora para refletir a qualidade e a relevância da pesquisa. Fazemos isso calculando um índice de "realização do impacto". Atribuímos valores a seis categorias de risco e os somamos para chegar a uma classificação de probabilidade de impacto numa escala de 100 pontos.
Dois dos componentes do índice estão relacionados com a qualidade do estudo-âncora e o índice propriamente dito diretamente associado ao produto ou serviço. Juntos eles são responsáveis por 60 dos 100 pontos possíveis. Estudos-âncora baseados em meta-análise ou em testes controlados aleatórios receberam os escores mais altos, e os estudos observacionais tiveram classificação mais baixa. O estudo do AlcoholEdu estava na primeira categoria, enquanto o estudo do Haven e do programa de educação financeira estavam na última.
Estabelecer a relação entre um estudo-âncora e o resultado desejado de um produto ou serviço não raro requer fazer suposições, e suposições geram risco. O estudo-âncora para o programa de educação financeira da EverFi, por exemplo, associou claramente o treinamento a dívidas menores dos alunos, resultando numa classificação máxima. Mas o AlcoholEdu e o Haven se basearam em estudos com associações menos claras. O AlcoholEdu assume que seus treinamentos levam a menos incidentes negativos relacionados ao álcool e consequentemente a menores taxas de mortalidade a ele relacionadas. O estudo-âncora do Haven assume que o treinamento de prevenção de abuso sexual leva a menos casos e, portanto, a menos consequências desses abusos.
Os quatro componentes restantes do índice, cada um com pontuação máxima de 10 pontos, são contexto (o ambiente social do estudo corresponde ao do projeto? Por exemplo, os dois são urbanos ou um é rural?); grupo de renda do país (as populações do estudo e do projeto estão na mesma categoria de renda do país, conforme determina o Banco Mundial?); similaridade de produto ou serviço (até que ponto as atividades do estudo correspondem ao que o projeto fornece? Por exemplo, o produto ou serviço é entregue ao mesmo grupo etário nos dois casos?); e utilização prevista (existe o risco de que, uma vez comprado um produto ou serviço, ele não seja usado como previsto? As inscrições nas academias, por exemplo, têm alta taxa de desistência).
Os investidores podem aproveitar uma infinidade de estudos da ciência social para estimar o potencial impacto das empresas.
Ao aplicar o índice para os programas da EverFi, a Rise calculou escores de probabilidade de impacto para o AlcoholEdu, Haven e o programa de educação financeira em 85%, 55% e 75%, respectivamente. Depois ela ajustou seu impacto monetário correspondente estimado, chegando a US$ 164 milhões para o AlcoholEdu, US$ 348 milhões para o Haven e US$ 77 milhões para o programa de educação financeira. O impacto do ajuste de risco para os três programas totalizou US$ 589 milhões, abaixo dos US$ 931 milhões previstos.
Construir o índice foi muito desafiador. Refinamos as categorias de risco e os valores atribuídos a cada um várias vezes, com base no feedback de especialistas em avaliação e medição. Uma versão enfatizava, por exemplo, a importância de comparar resultados de estudos de acordo com a geografia - país ou continente, digamos. Mas os especialistas recomendaram que uma comparação mais exata deveria justapor estudos de grupos de renda similar, independentemente de país ou condições de vida (urbano versus rural).
O índice de realização de impacto procura incluir os elementos mais importantes do risco, mas reconhecemos que ele não inclui cada ameaça ao impacto ou todas as nuances do risco entre estudos-âncora e um produto ou serviço de uma empresa. Esperamos poder refinar ainda mais, à medida que novas ideias forem apresentadas.
5| Estime o valor final
Em finanças, o valor final estima o valor monetário do negócio além de um período explícito de previsão e normalmente representa uma grande porcentagem do valor total previsto de uma empresa. No entanto, em investimento social ele é um conceito novo, no qual a atenção normalmente se concentra na quantificação de impacto atual ou passado. Certamente, em muitos projetos (distribuir pastilhas para cloração da água, por exemplo) o impacto social (água mais pura) não garante que programa sobreviva por muito tempo. Mas outros projetos (como instalar painéis solares) podem ter impacto de mais longo prazo (os painéis economizam energia por um longo período depois de instalados). Por isso em alguns casos faz sentido estimar o valor final.
A Rise resolve essa questão da seguinte forma: partindo do valor estimado do impacto no último ano do investimento, ela avalia a probabilidade de que o output (pessoas atingidas) e o valor social permanecerão inalterados por mais cinco anos. As empresas com alta probabilidade nos dois casos têm taxa de desconto de 5%, o que significa que o valor residual é reduzido anualmente em 5%. As empresas com escores mais baixos obtêm taxa de desconto de 25%.
Para estimar o valor final dos programas da EverFi para um período pós-participação de 2022 a 2026, a Rise assumiu que seus estimados US$ 159 milhões em impacto total para 2021 - o último ano de seu investimento - seriam gerados também em cada um dos cinco anos seguintes. Esse valor teve então desconto de 20% por ano acumulado, refletindo as previsões do número de usuários que se graduam nos programas e a provável duração do impacto do treinamento. Isso resultou no valor final de US$ 477 milhões - o valor residual de cinco anos que a Rise poderia reivindicar - para os três programas. A Rise acrescentou essa quantia ao valor dos US$ 589 milhões do ajuste sobre o risco do impacto realizado durante o período de validade do investimento para obter um impacto total de US$ 1,1 bilhão.
6| Calcule o retorno social sobre cada dólar investido
O passo final para calcular o IMM é diferente para empresas e investidores. As empresas podem simplesmente tomar
o valor estimado de um benefício social ou ambiental e dividi-lo pelo investimento total.
Suponha que uma empresa investe US$ 25 milhões para lançar uma linha de óculos de baixo custo para a população rural de países em desenvolvimento, e sua pesquisa resulta na estimativa de US$ 200 milhões em benefícios sociais, com base no aumento da produtividade e da renda dos clientes. A empresa simplesmente divide os US$ 200 milhões por US$ 25 milhões. Assim os óculos geram US$ 8 em valor social para cada US$ 1 investido. O IMM exprime esse valor como 8X. Já os investidores precisam dar mais um passo para justificar sua participação nas empresas em que estão investindo. Suponha que a Rise invista US$ 25 milhões para comprar 40% das ações de uma empresa com projeção de gerar US$ 500 milhões em valor social. Ela só pode ter o crédito da proporção desse valor referente às suas ações: US$ 150 milhões. A Rise divide os US$ 150 milhões pelos US$ 25 milhões de investimento e chega a US$ 6 em valor social para cada US$ 1 investido - um IMM de 6X.
A Rise investiu US$ 100 milhões por 50% da EverFi. Ela ajustou sua participação no risco ajustado projetado da EverFi de US$ 1,1 bilhão em valor social para US$ 534 milhões e dividiu essa quantia pelo seu investimento para chegar a um IMM de aproximadamente 5X.
A grande vantagem de calcular o IMM é que ele permite comparações diretas entre oportunidades de investimento. No entanto, é importante perceber que o número não é um múltiplo exato, como o múltiplo de ganhos no preço das ações comercializadas. Apesar de todo o rigor que possa existir por trás do cálculo de um dado IMM, é possivel que outro analista possa se basear num estudo-âncora diferente, igualmente válido, que leve a um resultado bem diferente.
Mas prefira tratar o IMM como uma medida direcional. E faça com que todos os passos de seus cálculos sejam transparentes. Quando outros entendem suas hipóteses, eles podem ajudá-lo a refiná-las para gerar números mais robustos. Também recomendamos utilizar uma análise de sensibilidade para mostrar o que acontece com o IMM se você alterar as hipóteses subjacentes. Esse processo o ajudará a identificar os acionadores importantes do valor social.
Num mundo onde mais e mais CEOs discutem lucros e metas, o IMM oferece uma metodologia rigorosa para o progresso da arte de alocar capital para atingir benefícios sociais.
Chris Addy, Maya Chorengel, Mariah Collins e Michael Etzel