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Ninguém mais vai pagar por antivírus, diz CEO da PSafe

Em vez de cobrar pelo serviço de antivírus no celular, empresas como a chinesa Qihoo e a brasileira PSafe estão oferecendo segurança de graça para o consumidor final. O app de segurança brasileiro PSafe acumulou 11 milhões de downloads apenas nos cinco meses após seu lançamento e tem como meta alcançar 50 milhões no fim do ano. A MOBILE TIME conversou com Marco de Mello, fundador e empreendedor, que trabalhou por dez anos na Microsoft nos EUA e conseguiu atrair investidores estrangeiros, incluindo a Qihoo, para esse novo projeto.


















MOBILE TIME - Como a PSafe foi fundada?
Trabalhei na Microsoft por dez anos, em Redmond, nos EUA. Fui responsável pelo Hotmail por dois anos e meio. E ajudei a resolver várias vulnerabilidades do Windows à época. Saí em 2006 da Microsoft e montei uma start-up de mídia em nuvem que depois vendi para a Harris Media. Levantei capital para vir para o Brasil e montar a Psafe. Cuja holding é o grupo Xangô, com capital do Vale do Silício. Foi em 2010 que a PSafe nasceu. Lançamos a primeira versão em 2011, somente para Windows. E em janeiro deste ano lançamos a versão Android. A proposta é oferecer segurança total. Temos equipe enorme de segurança, com engenheiros e programadores da Europa, Ásia e Brasil. É gente que eu trouxe para cá e que agora está morando no Rio e em Santa Catarina. Temos 105 pessoas na Psafe hoje.


Por que entrar em mobile?
Porque as ameaças em Android são mais frequentes do que em Windows hoje. Por isso agora somos mobile first. Pensamos primeiro em mobile.


Quantos downloads do PSafe para Android foram feitos até agora?
Foram 11 milhões de downloads em cinco meses. Queremos fechar o ano com 50 milhões. Tenho certeza que 60% dos smartphones Android no Brasil terão PSafe até o final do ano.


O mercado de antivírus móveis conta com gigantes internacionais que vieram do mundo dos PCs, como McAfee, Norton, Kaspersky e F-Secure, além de algumas nascidas em mobile e bem estabelecidas, como Lookout. Por que criar um novo player em um setor tão competitivo?
O meu DNA e o do meu time é segurança. Mantenho minha parceria próxima com a Microsoft. E temos um parceiro na Ásia que detém o maior laboratório de malwares do planeta, a chinesa Qihoo 360. Ela é também nossa investidora. A Qihoo tem 1 bilhão de usuários. Dividimos o mundo da seguinte forma: o lado de cá é nosso e o lado de lá é deles.

Além disso, acredito que segurança seja um direito de todo cidadão, não uma obrigação pela qual se tenha que pagar. Acredito que é um direito do internauta. A PSafe entrou no mercado da América Latina com a missão de democratizar o acesso a segurança da informação a qualquer momento e para qualquer dispositivo.

O mercado de antivírus morreu, já disse a Symantec. Empresas como a Qihoo 360 e a PSafe estão oferecendo de graça. É uma commodity. Não se vai mais cobrar por segurança. Ninguém mais vai pagar por segurança, a não ser no mercado corporativo. Mas não tenho interesse no segmento corporativo por enquanto. Nosso foco está no consumidor final.


E como a PSafe vai gerar receita?
Vamos ganhar dinheiro com a recomendação de apps de parceiros. E vamos cobrar caro por essa recomendação, porque a conversão será alta. Seremos muito criteriosos na escolha dos aplicativos que recomendaremos. Qualquer título terá que passar pelo nosso teste de segurança. E acaba sendo um trabalho gratuito para o parceiro, pois lhe mostraremos uma lista de vulnerabilidades em seu aplicativo. Somente quando o app estiver totalmente seguro ele será recomendado para a nossa base de usuários.

Teremos também algumas regras de comportamento dos apps. Se for app irritante, não vamos oferecê-lo. Não faremos nada que queime a imagem da PSafe. Tem que respeitar a segurança e a privacidade do usuário. O app precisa ter um valor agregado para o usuário e para a empresa, tem que haver equilíbrio. Nossa moeda é a nossa reputação. Vamos ganhar dinheiro com a confiança do nosso usuário. Aliás, temos um suporte técnico gratuito em chat ao vivo em Português e Espanhol. Resolvemos até problemas técnicos de outros produtos de graça. O usuário tem que ser atendido, o serviço é o que interessa. Valorizamos nossa reputação acima de tudo. É por isso que nossos parceiros pagarão um valor premium pela nossa recomendação.


Testei o aplicativo e não encontrei essas recomendações. Onde elas aparecem?
Isso será lançado em julho. Vamos inserir uma nova aba no produto para o usuário ter acesso a aplicativos recomendados por nós. No momento não temos receita nenhuma. Investimos mais de R$ 100 milhões até agora. O foco está no crescimento da base e na construção da reputação. A meta é atingir o break even no ano que vem.


O uso de mobile banking no Brasil está crescendo rapidamente. O PSafe consegue proteger o usuário de eventuais golpes em mobile banking?
Temos uma função que vamos passar para a Febraban: o PSafe consegue isolar o aparelho durante o mobile banking, de uma maneira completamente transparente para o usuário. Enquanto o app do banco estiver aberto, nenhum outro app acessa a Internet. Isso vai valer para aplicativos de m-commerce também. Vamos apenas mostrar uma notificação para o usuário. Essa novidade virá até o fim de julho, mas primeiro vamos conversar com a Febraban.


O PSafe tem uma opção de marcar mensagens de texto (SMS) como spam e bloquear os números dos remetentes. Notei que às vezes foram marcados short numbers legítimos de integradores homologados ou mesmo das próprias operadoras...
No caso de spam por SMS, prefiro ter mais falso positivo do que falso negativo. Mas quando isso acontecer, o usuário pode botar o número em uma lista branca.


A PSafe identifica malwares móveis por conta própria, em seu laboratório no Brasil?
Temos análise de segurança aqui no Brasil. Mas fazemos troca de malwares com outras empresas. É como trocar figurinha. Já foram identificados mais de 1,5 milhão de malwares para Android até março passado.


Os criadores de códigos maliciosos para Android são os mesmos que criavam para PCs? De onde eles são?
Sim. A Rússia é a número 1. E a China vem em segundo lugar.


Quais são os golpes mais comuns?
Roubo de informações privilegiadas, espionagem industrial, comprometimento de celular para entrar em rede corporativa para roubo de dados sensíveis... O celular é usado como agente para invadir rede privada. Antigamente se contratava um espião. Agora usam-se ameaças avançadas persistentes (APTs, na sigla em inglês), com o intuito de fazer uma contaminação direcionada. A APT fica guardada até receber ordem da central de comando.


O PSafe está disponível apenas para Android. É notório que a Apple não permite antivírus para iOS. O que acha disso?
A Apple tem que parar de ser hipócrita em dizer que não precisa de proteção. O iOS tem dezenas de vulnerabilidades...


E por que o PSafe não está disponível para Windows Phone?
O Windows Phone está no nosso roadmap. Vou apenas esperar a Microsoft lançar uma nova versão da plataforma.


A Google é criticada pela falta de segurança na Google Play. Um tempo atrás eles adicionaram algumas ferramentas para tentar identificar malwares dentro da loja. Qual a sua avaliação da segurança na Google Play hoje?
A segurança na Google Play hoje é decente, porém insuficiente.


Quais são as formas mais comuns de infecção de um smartphone?
O link direto é a maior fonte de infecção Android hoje. Pode vir na forma de uma URL no WhatsApp, no Facebook ou por SMS. E a infecção por QRcode está crescendo rapidamente também.


Que novos golpes estão surgindo?
Agora o sequestro de celular está se espalhando. É conhecido como ramsomware. Virou moda. Recentemente a Interpol desmantelou uma quadrilha que atuava na Europa.


Que recomendações você sugere aos usuários?
Não entre em redes abertas na rua, não clique em links providos por desconhecidos etc.
A partir de julho enviaremos pelo PSafe algumas notícias e dicas de segurança, com base no conteúdo que publicamos no nosso blog. A verdade é que não existe um software que te proteja da sua própria estupidez.

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