Está na moda. Em Portugal. Espanha e América Latina. Na UE. Na OCDE.
Em...
Só que a maioria das instituições tem em relação ao empreendedorismo a mesma atitude que em relação ao tempo: falam, mas não fazem nada sobre ele. Nem sequer o influenciam, quanto mais mudá-lo.
Que pode o governo e a sociedade fazer? A resposta tem sete pontos, sendo o primeiro dos quais constatar que um empresário estar à espera da ajuda do governo é uma contradição em termos: um oximoro. Tal como falar em dinamismo burocrático, pragmatismo universitário ou... inteligência militar.
Um empresário avança, não se pendura. Segue o slogan da Nike, "Just do it" ou em chinês "Gung Ho": Faça-o!
Nem um microsegundo de pensamento sobre (as ajudas do) governo ocuparam a cabeça de S. Jobs, Zuckerberg, Gates, Dell, Bezo, Handler (Barbies), Rowland (American Girl), Disney (que também começou numa garagem), Harley e Davidson (cuja primeira oficina era um barracão no fundo do quintal), etc. Contudo (segundo), há de facto sociedades mais e menos inovadoras e no topo dos rankings internacionais estão hoje a Suíça, EUA, Israel, Suécia, Alemanha e outros países que no final da IIª Guerra mundial estavam na pré-história não tendo nunca tido indústria (Coreia, Taiwan), ou os que a tinham tido encontravam-se destruídos (Japão, Alemanha). Contudo hoje "dão cartas". Portugal?: é 39° entre 137 países (podia ser pior já que na União Europeia há 27 países...).
Terceiro, a inovação é obviamente importante como fonte de progresso e cria riqueza: os países mais inovadores são os mais competitivos e os com mais rendimento per capita (com correlações de 0,5 e 0,7, respectivamente).
Quarto: porque há então sociedades mais e menos inovadoras? Primeiro porque em algumas sociedades o governo "sai da frente", não atrapalha, criando liberdade económica (correlação de 0,7 com o crescimento económico), há poucas empresas públicas que "chupam" os financiamentos bancários e inflaccionam as taxas de juro. Pouca burocracia. Muita concorrência entre os privados (sem regras estúpidas p.e. de distância para farmácias, centros de inspecção, escolas de condução, etc.) e com pouca corrupção (que faz as empresas concorrerem por "outras razões" que não preço, qualidade ou entrega).
Depois o governo acarinha e acalenta a inovação com fiscalidade (isenção de IRC durante os primeiros três anos de lucros para as startups), incubadoras (não os monos dos parques industriais), mas sob o mesmo tecto empresários beneficiam do barato (renda, equipamento, etc.), sinergia (troca de ideias e contactos favorecidos pelo open space), externalidades (palestras de CEOs de grandes empresas e visitas a elas) e motivação (fruto do sucesso de uns).
Segue-se (5°) retreinar os desempregados para as profissões mais procuradas, de - modo a que em vez de empregados em trabalhos onde fingem que lhes pagam e eles fingem que trabalham, sejam na sociedade de network moderna profissionais independentes com várias avenças.
Também (6°) a disseminação (e subsidiando aqui sim) dos casos de sucesso em programas de rádio, tv e folhetos ou pequenos livros nas escolas, bibliotecas, livrarias, etc.
E finalmente (7°) fazendo a disciplina do empreendedorismo obrigatória para todos os estudantes de economia e gestão no secundário e também de todas as ciências exactas na universidade.
O que passa por acabar com a ideia peregrina de que o empreendedorismo não requer conhecimentos específicos, como pensam alguns. Se assim fosse estas disciplinas em Harvard, Columbia ou Stanford seriam uma mão cheia de nada. Lembrando mais uma vez que o problema não é o que eu sei; não é o que eu sei que não sei; e tão pouco o que eu não sei que não sei. O pior de tudo é verdadeiramente o que penso que sei e não é assim. Isso, é que é verdadeiramente um desastre (Al Gore).
JORGE A. VASCONCELLOS E SÁ
Mestre Drucker School / PhD Columbia University
Professor Catedrático
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