Estudo pioneiro da ABES sobre o mercado de Software as a Service no país foi respondido por 136 companhias, das quais só 7% se encaixam no conceito de empresas SaaS
Produtoras de software no Brasil interpretam equivocadamente o conceito de empresa SaaS, revela estudo recente realizado pela Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software). Respondida por 136 empresas de software localizadas no Brasil (3,7% de todas as empresas de software identificadas no estudo Mercado Brasileiro de Software e Serviços ABES 2015), a pesquisa foi preparada pelo Comitê SaaS da entidade, criado este ano com o objetivo de identificar as melhores práticas, fomentar a inovação e orientar as empresas interessadas em migrar suas soluções para o formato de venda como serviço.
De acordo com a Abes, uma empresa puramente SaaS requer as seguintes macro características: não requer instalação específica para cada cliente; as customizações são padronizadas e adaptáveis a todos os clientes; a arquitetura do software é orientada a serviços, implantação e operação, e é criada para a máxima eficiência; a contratação do serviço não envolve questões de licenciamento; a entrega do software é feita, necessariamente, por meio de um navegador ou apps mobile; e há foco na experiência do usuário, alta escalabilidade e preços agressivos.
"Muitas das empresas ouvidas na pesquisa acreditam que somente ter uma oferta na nuvem é suficiente para caracterizá-las como sendo fornecedoras SaaS, quando para isso, de acordo com o IDC 2010 Software Taxonomy, a empresa precisa ter o seu negócio como um todo voltado para este modelo", explica Lauro de Lauro, coordenador do Comitê SaaS da ABES. Por essa razão, o estudo levou em consideração a proposta de valor aplicada pela empresa, seu modelo de negócios, investimento em Marketing e Vendas e a gestão da companhia.
Somente 7% das empresas que responderam o estudo se enquadraram como puramente SaaS. A maioria, 56%, foi classificada como ASP, empresas de provisionamento de aplicações como serviço (Application Service Provisioning). Outras 11,76% afirmaram que não estão prevendo uma oferta SaaS. Das empresas "Pura SaaS", 83,3% tem faturamento superior a 70% com o SaaS.
Nas entrevistas qualitativas, ficou claro que a jornada das empresas de software para o SaaS é fundamental para a sobrevivência do negócio no futuro e que existe uma preocupação em adotar o modelo. Tanto que 74,3% afirmaram ter um produto comercializado por meio da internet. Delas, 79,8% existem há mais de 12 meses.
"Com esse primeiro passo para a compreensão do mercado e a geração de conhecimento, conseguiremos ajudar diversos atores do mercado de software nacional para que possam elaborar políticas e programas de incentivo ao setor e apoiar as empresas no direcionamento de suas estratégias", afirma Lauro.