Falta de recursos qualificados e aversão ao risco por parte das empresas são alguns dos obstáculos enfrentados pelos departamentos de TI em Portugal. Os orçamentos são baixos, face a outros países. Paradoxalmente, os CIO procuram reduzir custos, enquanto querem aumentar a segurança e a satisfação do cliente.
As preocupações mais prementes para os líderes de TI portugueses são consideravelmente diferentes dos seus pares europeus, revela o estudo "Beyond Digital Transformation: Reality check for European IT leaders and Digital leaders" (Além da Transformação Digital: Verificação da Realidade para Líderes Digitais e de TI europeus)", que conta com as respostas de 100 responsáveis de TI em Portugal.
Portugal também se caracteriza por uma "aversão corporativa ao risco", uma idiossincrasia do mercado nacional. 43% das empresas consultadas revelam que este é um "grande problema para realizar as mudanças necessárias". Esta aversão ao risco manifesta-se ainda na lentidão com que a mudança acontece nas organizações portuguesas.
Globalmente, a Claranet entrevistou 750 decisores das áreas de TI e digital em organizações de Portugal, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha e Benelux com entre 100 e 2000 funcionários.
CIO querem melhorias na segurança e na agilidade comercial
No que toca a projetos e objetivos para o futuro desenhados pelo departamento de TI, Portugal está alinhado com as empresas europeias. A lista de prioridades é liderada pelas melhorias na segurança e na agilidade comercial, embora seja também de destacar a intenção de redução da despesa.
Quase paradoxalmente, 45% dos líderes de TI sentem as "restrições orçamentais" com um dos grandes desafios que enfrentam, a par da "necessidade de melhor a experiência do cliente.
As empresas devem "apostar num planeamento detalhado antes de procederem a qualquer migração e verificarem se as suas aplicações são compatíveis com a cloud ou se necessitam de reengenharia. Estes passos são fundamentais, pois não há apenas uma 'estratégia certa'; esta pode variar consideravelmente, dependendo da natureza das aplicações", aconselha António Miguel Ferreira, CEO da Claranet em Portugal.
As limitações orçamentais poderão estar a dar um impulso à adopção de serviços cloud. Actualmente Portugal tem a maior concentração de sistemas "on premises" na Europa, sendo que 44% das empresas não faz subcontrata TI.
A Claranet identificou, no entanto, alguns sinais encorajadores. Portugal lidera na automação de infra-estruturas, com 63% dos gestores a referir que as suas infra-estruturas foram automatizadas, contribuindo assim para a redução dos custos operacionais e para a redução do risco de erros humanos.
Mais de 90% dos entrevistados disse que o orçamento anual de TI da organização é alocado diretamente ao departamento de TI, uma percentagem mais elevada que a média europeia (77%).
O investimento também não é desperdiçado e 87% dos entrevistados acredita que o departamento de TI fornece um maior retorno do investimento (ROI) face a outras unidades de negócios, um valor acima da média europeia que ronda os 68%.
Segundo a Claranet, os líderes de TI em Portugal estão a "trabalhar corretamente", embora estejam a lutar para acompanhar o ritmo dos pares internacionais em termos de adoção de DevOps e estruturar as fontes de dados internas para a tomada de decisão assente na analítica.
Globalmente o estudo permite concluir que "a tão desejada transformação digital está longe de ser ainda a realidade na maioria das empresas europeias", resume a Claranet Portugal em comunicado. Em parte, porque apenas 10% dos CIO considera a sua organização ágil e adaptada à mudança.
Este sentimento, transversal, acontece porque os CIO debatem-se com inúmeras barreiras organizacionais, técnicas e operacionais que impedem a tão desejada mudança.
"Na Europa, apenas um em cada dez negócios tem o apoio que necessita no que respeita a estabilidade, fiabilidade e capacidade de resposta. Na grande maioria dos casos os sistemas de TI continuam fragmentados. Ou seja, a grande maioria das empresas está a empreender uma jornada, que não estará concluída tão depressa", comenta António Miguel Ferreira, CEO da Claranet em Portugal.
CONCLUSÕES EUROPEIAS
- 87% dos inquiridos debate-se com grandes entraves à implementação da mudança tecnológica nas suas organizações, entre as quais: falta de qualificações no departamento de Tecnologias de Informação (34%), falta de tempo para a mudança (29%) e falta de apoio da gestão sénior (28%);
- Oito em cada dez participantes (81%) concorda que deveria poder experimentar mais os novos processos e tecnologia;
- 48% das organizações assume que o seu departamento de TI funciona de forma reativa;
- Quase metade dos inquiridos (55%), assume que as suas aplicações consomem demasiado tempo e são difíceis de gerir;
- Apenas 10% considerou a sua organização ágil na sua abordagem às tecnologias de informação.