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Os estudos do Facebook VS os estudos de Princeton

Selecionamos três opiniões diferentes (ataque de Princeton, O Globo e a defesa do Facebook) para você decidir a sua.

OPINIÃO DA PRINCETON

Facebook vai perder 80% dos usuários em 2017, dizem pesquisadores de Princeton

O Facebook se espalhou como uma doença infecciosa, mas que está lentamente se tornando imune as suas próprias atrações. A previsão é de que a plataforma seja abandonada até 2017, de acordo com pesquisadores da Universidade de Princeton.

A previsão de morte iminente do Facebook foi feita através da comparação entre a curva de crescimento de uma epidemia e a curva de crescimento da rede social. Os cientistas argumentam que, assim como a peste bubônica, o Facebook irá acabar.

A rede social, que celebra seu 10º aniversário no dia 4 de Fevereiro de 2014, sobreviveu mais tempo do que rivais como o Myspace e Bebo, mas de acordo com a previsão de Princeton, o Facebook vai perder 80% de sua base de usuários nos próximos três anos.

John Cannarella e Josué Spechler, do departamento de engenharia mecânica e aeroespacial da universidade dos EUA, têm baseado suas previsões sobre o número de vezes em que o Facebook é digitado no Google como um termo de pesquisa. Os gráficos produzidos pelo serviço Google Trends mostram essas pesquisas atingindo o pico em dezembro de 2012 e, desde então, foram começando a cair.

O Facebook relatou quase 1,2 bilhões de usuários ativos mensais em outubro, e ainda deve atualizar seus investidores sobre seus números de tráfego no final do mês. O tráfego para o site, de fato vem caindo, isto é, pelo menos em parte, devido ao fato de que muitas pessoas agora só acessam a rede através de seus smartphones.

Para seu estudo, Cannarella e Spechler usaram o conhecido modelo SIR de doenças (suscetível, infectado, recuperado), o que cria equações para mapear a propagação e recuperação de epidemias.

Eles testaram várias equações contra a vida útil do Myspace antes de aplicá-las no Facebook. O Myspace foi fundado em 2003 e atingiu o seu pico em 2007, com 300 milhões de usuários registrados, antes de cair fora de uso em 2011. Comprado por Rupert Murdoch News Corp por US$ 580 milhões, o Myspace assinou um contrato de US$ 900 milhões com o Google em 2006 para vender seu espaço publicitário. Ele acabou por ser vendido pela News Corp por apenas U$ 35 milhões .

As 870 milhões de pessoas usando o Facebook através de seus smartphones a cada mês poderia explicar a queda nas pesquisas do Google - aqueles que procuram fazer logon não vão mais fazê-lo digitando a palavra Facebook no Google.

Mas o diretor financeiro do Facebook David Ebersman admitiu em uma chamada de ganhos com os analistas que, durante os últimos três meses "vimos uma diminuição no número de usuários diários, especificamente entre os mais jovens".

Mesmo assim, os investidores não parecem querer desistir. O preço das ações do Facebook atingiram recordes neste mês, valorizando a companhia do fundador Mark Zuckerberg em US$ 142 bilhões.


OPINIÃO DO O GLOBO

O Facebook enquanto vírus

Quando professores dizem que a rede social acaba até 2017, desconfie. Pode até ser. Mas nada é tão simples.

Na internet, uma boa polêmica dá sempre audiência. Quando uma dupla de professores do Departamento de Engenharia de Princeton, uma das melhores universidades americanas, prevê o fim do Facebook, não poderia ser diferente. Entre 2015 e 17, dizem John Cannarella e Joshua Spechler, 80% dos usuários da rede social vão embora. E, no próprio Facebook, a notícia se espalhou. Parece uma previsão maluca, mas a ciência que a sustenta faz sentido. O que não quer dizer que esteja correta. Várias mudanças no site de Mark Zuckerberg, desde que sua empresa abriu capital na Bolsa, podem corroborar este fim prematuro.

O Facebook fez, ao abrir capital, uma quantidade absurda de dinheiro. Não é um site pequeno: tem próximo de um bilhão de usuários registrados. No mesmo momento em que entrou a imensa fortuna nos cofres da empresa, começaram também as cobranças. O Google, seu principal rival na internet, faz dinheiro. É uma empresa muito lucrativa. Não é o caso do Face.

Pois naquele mesmo momento, conforme vinham as primeiras cobranças por resultados imediatos típicas de Wall Street, a rede fechou-se em copas. Mudaram algoritmos, mexeram na estratégia, reviram conceitos. Muito mudou, embora poucos usuários tenham percebido.

A principal mudança é comercial. O Facebook estimulava empresas a criarem páginas próprias. Quem quisesse espaço criava lá sua área, punha conteúdo, pagava um dinheiro para que um time gerenciasse tudo. O objetivo: fãs. Gente que clicasse o botão Curtir. Quando fazemos amizade com alguém ou curtimos uma página, esperamos ver as atualizações de amigos, conhecidos e empresas no mural, na linha do tempo, quando abrimos o site.

Só que não é assim que funciona. Nunca foi: nem todas as atualizações aparecem. O que aparece são as novidades publicadas por aquelas pessoas com quem nos relacionamos mais. Sempre foi assim. A novidade é que as páginas das empresas começaram, lentamente, a sumir.

Tem motivo. Se o conteúdo de empresas não aparece mais, ou se aparece muito pouco, é porque assim o Facebook faz dinheiro. Se quer aparecer para seus fãs e seus amigos, o jeito é abrir a carteira.

Nenhuma outra rede social funciona assim. Twitter, Instagram, YouTube. Se você clica para seguir as publicações de alguém, recebe o que pediu. Quem produz conteúdo muito popular, em algumas das redes, chega a ser pago. É o caso do YouTube. Lógica inversa. A mudança de algoritmo do Facebook facilita que conteúdo muito curtido apareça com mais frequência. O mais popular, segundo o videologger Derek Muller, são bebês e casamentos. Mas ponha-se na lista as bobagenzinhas de sempre. Quem acessa o Facebook, sabe. De um tempo para cá ele parece um pouco mais pobre.

A teoria dos professores de Princeton é que redes sociais seguem modelos de epidemiologia. Imagine um vírus: ele contamina um, depois outro, um terceiro. Vira epidemia. Depois de um tempo, porém, conforme começa a encontrar gente com anticorpos, seu potencial de se espalhar vai perdendo forças. O vírus se extingue. Seguindo essa lógica, aos poucos as pessoas vão deixando o Facebook. Quanto mais gente sai, menos interessante ele é para quem fica. Segundo um relatório da iStrategyLabs, 25% menos adolescentes americanos estão lá, quando comparamos com o número de 2011.

O problema da teoria não é a comparação com vírus. Redes, de fato, funcionam seguindo modelos evolutivos. Mas o único fim possível não é a extinção. Um vírus pode não contaminar ninguém, se extingue e morre como inúmeros sites. Pode ser de rápida contaminação, sai matando hospedeiros e se extingue por não ter mais quem infectar. Mas existe também o meio termo: vírus que contagiam mas que não são graves. Vão e voltam. Como uma gripe, nem desaparecem por não encontrar hospedeiros, nem por ter matado todos.

É difícil acreditar que o Face vai acabar tão rápido. E é muito cedo para dizer que tipo de vírus ele é.

Fonte: O Globo | Coluna Pedro Doria


DEFESA DO FACEBOOK

Facebook divertidamente desmascara estudo de Princeton dizendo que vai perder 80% dos usuários

Na semana passada, pesquisadores de Princeton divulgaram um amplo estudo dizendo que o Facebook perderia 80% de seus usuários até 2015-2017. Mas agora os cientistas de dados do Facebook viraram a metodologia boba de "correlação é igual a causa" de acompanhamento de volume de pesquisa do Google contra eles mesmos para mostrar à Princeton que perderia todos os seus alunos até 2021.

Um porta-voz do Facebook diz que "o relatório que Princeton apresentou é um total absurdo." Na verdade, ele é falho por inteiro.

Primeiro, ele faz uma tensa analogia epidemiológica comparando o Facebook com uma "doença" que os usuários eventualmente "irão se recuperar". O Facebook pode ser uma fuga em massa em nosso conhecimento, o que torna algumas pessoas doentes, mas isso não significa que ele realmente funciona como um vírus. Em seguida, os pesquisadores usaram o Myspace como um exemplo de como os usuários se recuperam de uma rede social e a abandonam como se tivesse acontecido naturalmente. Eles não fazem nenhuma menção de como o Myspace foi de fato destruído pelo Facebook.

Mas o erro crítico no estudo non-peer-reviewed (dentro da academia, peer review é frequentemente usado para determinar um estudo acadêmico) está afirmando que uma vez que o volume de pesquisas para "Facebook" começou a declinar em 2012, isso deve significar que há um declínio contínuo no uso de Facebook.

Sim, não. De volta ao auge do Facebook na web por volta de 2007, muitas pessoas entraram para a rede social procurando por "Facebook" ou "Login Facebook." Mas, então, essa coisa chamada celular chegou e as pessoas começaram a entrar no Facebook através da abertura de um aplicativo, não procurando pelo site. Assim, o fato de as pesquisas por "Facebook" estarem em declínio não prova muita coisa considerando que mais da metade do tráfego do Facebook agora vem de celulares. Desde 2012, o Facebook continua crescendo para seus atuais 1,19 bilhão de usuários, e nunca teve um declínio geral na contagem de usuários.

Isso não quer dizer que o Facebook não tem alguns grandes problemas pela frente. Certamente não é mais "cool", se é que isso importa ou não. É admitida uma ligeira queda no uso entre os jovens adolescentes nos EUA. Está vendo a crescente concorrência dos aplicativos sociais que nascem no celular como Snapchat e WhatsApp. Ele acabará por ter de enfrentar a mudança para wearables (tecnologia para vestir). Hackers estão balançando a fé ao compartilhar informações privadas. E os telefones móveis, onde você possui seu gráfico social na forma de números de telefone dos seus amigos, tornam mais fácil para as pessoas mudarem para outra rede social.

Qualquer uma das combinações poderia impedir o Facebook de crescer e fazer com que eventualmente encolha. É bastante provável que smartphones possam dividir sua atenção entre mais aplicativos que não pertencem ao Facebook ao longo dos próximos anos. Mas perder completamente 952 milhões de usuários mensais até 2017 exigiria um desastre cataclísmico.

E mesmo se isso acontecer é provável que seja porque menos pessoas buscam por "Facebook" tanto quanto se assemelhar a uma "doença" como a Terra ficar sem ar em 2060 - o que é exatamente o que os cientistas de dados do Facebook provaram que vai acontecer usando a metodologia de Princeton. Como um dos nossos leitores tuitou, "talvez Princeton devesse se preocupar menos com quem está pesquisando por Facebook e mais sobre quem está pesquisando Coursera"

Desmascarando Princeton
por Mike Develin, cientista de dados do Facebook

Como muitos de vocês, ficamos intrigados com um artigo recente de pesquisadores de Princeton prevendo o fim iminente do Facebook. De particular interesse foi o uso inovador de dados de pesquisa do Google para prever as tendências do entrosamento, em vez de estudar as tendências de entrosamento reais. Utilizando a mesma metodologia robusta destacada no estudo, buscamos saber mais sobre esta "Universidade de Princeton" - e você não vai acreditar no que encontramos!

Em consonância com o princípio científico "correlação é igual a causa," nossa pesquisa inequivocamente demonstrou que Princeton pode estar em perigo de desaparecer por completo. Olhando para os likes nas páginas do Facebook, encontramos a seguinte tendência alarmante:


Gráfico de likes no Facebook de Princeton, Yale e Harvard



Agora, o Facebook não é o único repositório de conhecimento humano por aí. Uma pesquisa do Google Scholar revelando uma infinidade de artigos acadêmicos de grande erudição resultou nos seguintes resultados, mostrando a porcentagem de artigos que correspondem à consulta "Princeton" por ano:


Gráfico mostra como publicações da Princeton diminuiram



A tendência é igualmente alarmante: desde 2009, o percentual de estudos da "Princeton" em revistas caiu drasticamente.

Claro, a Universidade de Princeton é, principalmente, uma instituição de ensino superior - por isso, enquanto tiver alunos, vai ficar bem. Infelizmente, ao investigar isso, encontramos uma forte correlação entre a matrícula de graduação de uma instituição e seu índice no Google Trends:


Gráfico matrícula de graduação de uma instituição e índice no Google Trends



Infelizmente, isso significa más notícias para esta entidade da Princeton, cuja pontuação de busca no Google Trends vem diminuindo nos últimos anos:


Gráfico de pontuação de busca de Princeton no Google Trends vem diminuindo



Esta tendência sugere que Princeton terá apenas metade de sua matrícula atual em 2018, e em 2021 não terá nenhum aluno, concordando com o gráfico anterior de erudição acadêmica. Com base em nossa robusta análise científica, as gerações futuras só será capaz de imaginar essa instituição.

Enquanto estamos preocupados com a Universidade de Princeton, estamos ainda mais preocupados com o destino do planeta - Google Trends para "ar" também têm diminuido de forma constante, e nossas projeções mostram que até o ano de 2060 não haverá mais ar:


Gráfico do Google Trends para "ar" também têm diminuido



Conforme os pesquisadores anteriores [J. Sparks, 2008] expressaram no passado, isso vai ter consequências graves para o destino de toda a humanidade, e não apenas para os nossos colegas acadêmicos em Nova Jersey.

Embora essa pesquisa ainda não tenha sido revisada, cada like nesse post conta como uma revisão. Iniciar a revisão!


P.S. Nós não achamos realmente que Princeton ou o ar do mundo vai a algum lugar em breve. Nós amamos Princeton (e ar). Como cientistas de dados, nós quisemos dar um lembrete divertido que nem todas as pesquisas são iguais - e alguns métodos de análise levam a conclusões bem loucas.

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