Armazenamento SSD ou HDD? A opinião de Sven Rathjen, vice-presidente de "Channel Sales" na WD.
A indústria de armazenamento é um dos setores de TI que tem vindo a crescer de forma continuada e sustentada ao longo dos anos, ao mesmo tempo que oferece sucessivamente maior capacidade a um preço mais baixo.
A tecnologia baseada em discos rígidos tem sido a grande responsável por esta capacidade em dar "mais por menos" - com unidades que oferecem cada vez maior espaço de armazenamento com custos por GB cada vez menores.
No entanto, nos últimos anos, uma nova tecnologia baseada em memória flash tem vindo a desafiar o armazenamento magnético e a posicionar-se como "o futuro" desta indústria. E o fez não oferecendo mais por menos - bem pelo contrário - mas sim pela sua maior velocidade.
O que nos coloca uma questão legítima: porque é que muitos na indústria de armazenamento dizem que o futuro está nas unidades SSD (unidades de armazenamento baseadas em flash)?
Na verdade, o que ouvimos sobre o fato da memória flash ser o futuro prende-se sobretudo por se tratar da mais recente tecnologia - é muito mais nova do que a tecnologia de armazenamento magnético em discos rotativos, que existe desde há várias décadas. E o que é novo está sempre na moda!
Mas a memória flash também está conosco já há algum tempo: estamos habituados a usar dispositivos USB, que começaram por ter 4 ou 8MB de memória flash e que hoje já oferecem gigabytes de capacidade; e o mesmo acontece nos SD e micro SD bem como em outros formatos de cartões para dispositivos móveis.
Acontece que a tecnologia mais antiga está testada e comprovada e acreditamos que é assim que irá continuar. Antecipamos evidentemente uma coexistência entre ambas as tecnologias mas, até que surja por parte da memória flash uma equidade em termos de escala e de capacidade, o disco rígido está para ficar.
Preço, capacidade, velocidade
O fator preço é, claro, importante nesta equação, uma vez que os custos de produção de um disco rígido são substancialmente mais reduzidos do que os de uma unidade de armazenamento de capacidade equivalente baseada em flash - algo que acontece sobretudo porque enquanto os custos de investimento em I&D e capacidade de produção dos discos rígidos já foram absorvidos, os SSDs estão ainda na sua infância e num ponto de desenvolvimento em que a equidade de escala ainda não foi atingida.
Por outro lado, os SSDs são mais rápidos do que os HDDs (discos rígidos), muito embora esta seja uma vantagem que depende do ponto de vista e das necessidades do utilizador: se um sistema operativo arranca três segundos mais depressa a partir de um SSD e se o utilizador considera essa melhoria como relevante, então sim. Haverá sempre consumidores que estão dispostos a pagar para ter um equipamento que arranca mais rapidamente e essa alternativa existe. Ma os SSDs têm os seus próprios benefícios e limitações.
A grande questão que normalmente se coloca é saber quando e até que ponto é que os SSDs se tornarão mais baratos. As tecnologias de memória flash já evoluíram - de SLC (Single Level Cell) para MLC (Multi Level Cell), por exemplo - e tornam possível um melhor custo por GB.
Mas, mais importante do que a questão do preço, os fabricantes deveriam trabalhar no sentido de tornarem um SSD mais fiável. Um dos problemas é a chamada degeneração das células que ocorre nestas unidades. Hoje, podemos adquirir SSDs com 128 GB ou 256 GB de capacidade, mas resta saber quanto desse espaço irá restar dentro de dois anos.
Isto é algo que vai contra a ideia generalizada de que os SSDs são mais fiáveis do que os discos HDDs. O problema é que a degeneração das células de memória flash é uma incógnita e, uma vez os dados perdidos num SSD, eles desaparecem para sempre. Pelo contrário, num disco rígido os dados são quase sempre recuperáveis, mesmo no caso de um acidente no qual os pratos dentro do disco não tenham sido fisicamente danificados.
Ou seja, enquanto a falha num SSD é permanente, num HDD - dependendo da extensão dos danos no disco - os dados podem ser recuperados.
A vantagem dos discos
Num futuro próximo, os discos giratórios continuarão a oferecer vantagens, não só em termos de custo por gigabyte, mas também em termos de aplicações: temos muitas plataformas, tais como a arquitetura de 3,5'' para aplicações de desktops e centros de dados, 2,5'' para aplicações móveis e 1,8'' para a indústria automóvel e aplicações especializadas.
É uma tecnologia testada e comprovada e não há nenhum outro produto ou componente que use tantas formas de engenharia como as que são usadas num disco rígido. Até uma nave espacial utiliza menos engenharia do que a que é empregue no fabrico de um disco rígido.
Hoje, cerca de 90% dos dados armazenados em todo o mundo residem em discos rígidos. Os SSD, enquanto tecnologia, ocupam nichos de mercado. Claro que precisamos de SSDs em algumas aplicações, como é o caso dos dispositivos móveis, das câmaras digitais, etc., onde existe uma menor necessidade de armazenamento massivo. No outro extremo, podemos também encontrar SSDs em servidores que correm aplicações críticas e em que a velocidade é o fator mais importante. Contudo, o grosso dos dados reside em HDDs - os discos rígidos estão para ficar.
O futuro da tecnologia
Ao mesmo tempo que surgem no horizonte avanços tecnológicos no campo da memória flash, verifica-se uma evolução similar do lado dos discos rígidos. Recentemente, já tivemos a tecnologia de gravação perpendicular SMR (Single Magnetic Recording) e na calha está já a gravação magnética com assistência térmica (Heat Assisted Magnetic Recording). São estas mudanças e evoluções tecnológicas que estão por detrás do fato de, no mesmo espaço físico, termos discos rígidos com capacidades cada vez maiores e com maior desempenho.
Por outro lado, o mercado empresarial continua a ser um grande consumidor de discos, uma vez que necessita de capacidades de armazenamento muito grandes e sempre crescentes. No entanto, para aplicações que necessitem de grandes velocidades, um disco com integração de memória flash ou uma unidade SSD pode ser a solução para esse caso concreto.
A capacidade dos SSD continua a crescer, mas não de forma significativa quando comparada com os HDD. Durante os últimos quatro anos, as capacidades máximas dos discos cresceram de 1TB para 6TB; enquanto isso, os SSDs não registaram um crescimento sequer de três ou quatro vezes no mesmo período. Isto significa que existem limitações do lado dos SSDs no que diz respeito ao espaço de armazenamento - ou ao preço - que podem oferecer aos consumidores.
Para os SSDs ganharem maior tração no espaço empresarial, tudo irá depender do tipo de utilizador e das necessidades da aplicação. Mas em mercados onde é necessário o armazenamento de grandes volumes de dados, um disco rígido continua a ser a escolha mais acertada.